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sexta-feira, 30 de abril de 2010

filosofia africana

O adjetivo “africana”, acima mencionado e que qualifica a palavra filosofia, é formado a partir do termo “África” que, segundo alguns estudiosos da linguagem, deriva do Grego “aphriké”, do Berbere “awrigas”, de “afryquah” significando colônia, e do Latim “aprica” significando “exposto ao sol”.
Desse último significado da palavra África, ou seja, exposto ao sol, e da inconstância sócio-econômico-política do continente africano, forja-se falaciosamente a idéia de que o povo africano não tem “queda” para filosofia, não tem “cabeça” para abstração, para metafísica. Será isso verdade? Não há nessa opinião um preconceito que remonta a Homero, Aristóteles, Platão e outros?
A expressão ”filosofia africana” pode parecer estranha para muitos, no entanto, o povo africano filosofa, tem “cabeça filosófica”. Senão vejamos: Metafisicamente falando, os africanos possuem palavras e termos que remetem à idéia, a conceitos ontológicos, tais como, em Iorubá (língua africana): “ni” significa ser, ”mõ” significa conhecer, ”ofifo” significa o nada.
Em Banto (outra língua africana): “ntu” expressa a idéia de ser. A partir do conceito de ser (ntu), a cultura banta deriva quatro categorias de tudo o que se pode conhecer: 1. “muntu” conceitua o ser-de-inteligência (o ser humano); 2. “kintu” significa o ser-sem-inteligência (as coisas); 3. “hantu” expressa o ser-localizador (lugar-tempo); 4. O ser-modal (modificação do ser).
Além dessas quatro categorias, na filosofia africana, especificamente a filosofia banta, são de suma importância estes conceitos: unificação de lugar e tempo, distinção entre o existir e o viver
Os bantos (etnia africana) chegam à idéia de que lugar e tempo são concomitantes, baseados na localização dos existentes, uma vez que "qualquer existente, assim que surge, supõe necessariamente o antes e o depois".Ao lado disso, a diferença entre o existir e o viver se faz, na filosofia banta, da seguinte forma: o existir é abrangente, geral, universal; enquanto que o viver é um momento do existir, é uma particularidade do existir.
Convém observar que alguns pensadores africanos entendem que os conceitos filosóficos chegam a eles através da música, da percussão, da religião e da dança.
Vê-se, dessa forma, que não há uma filosofia branca nem uma filosofia preta. Há, apenas, filosofia.
Everaldo Lins de Santana - Filósofo
Postado por N. P. C. às 11:17
5 comentários:
paulo roberto disse...
oi professor muito legal seu espaço virtual, cabe divulgação para que possamos sair do modelo eurocentrico que se instala academicamente impossibilitando a expansão de uma cultura rica filosoficamente tanto no continente quanto na diaspora, algo que se revela atraves de pensadores como, sengor, aimé, keiyata, garvey e tantos outros brilhantes produtores da rica filosofia africana.

25 de outubro de 2008 09:27
Menina Flor, Elleny disse...
Excelente seu texto e sua reflexão.
Temos que valorizar cada vez mais a cultura africana em todas as suas vertentes.
Gostaria de comentar seu texto em meu blog, se vc autorizar.
Bjk!

13 de janeiro de 2009 20:56
Saló Nicodemos disse...
Obrigado professor pelo seu texto, pois é raro encontrar gente que acredita e menos critica a nossa filosofia africana. ainda hoje estava estudando sobre o referido tema e pude observar das inúmeras barreiras que a nossa filosofia tem enfrentado. sou moçambicano, africano e fico feliz com isso. Obrigado

27 de agosto de 2009 10:01
Gerson Machevo disse...
Caro professor, eu sou africano e reconheço a dificuldade que existe em escrever sobre filosofia africana, mas gostaria de fazer apenas uma pequena correcção, o banto ou Bantu não é uma língua africana mas um conjunto de línguas africanas com a mesma origem: BANTU. Principalmente na região central e sul da áfrica.

25 de fevereiro de 2010 03:41
Gaspar disse...
Bantu, conjunto de povos que habitam o sul da África, com uma multiplicidade cultural e com profundo sentido bantúfona, possuidores de hábitos, costumes e de línguas(o kimbundu, o suaile, o kigongo,etc,etc...) que caracterizam, em plenitude, as suas tradições.(sempre ao vosso dispor: Gaspar Silva, de Angola)

11 de abril de 2010 12:48
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